terça-feira, 19 de abril de 2011

TRABALHO DE CAMPO

TRABALHO DE CAMPO: PRÁTICA INTERDISCIPLINAR DE INTEGRAÇÃO E DE CONHECIMENTO

                                                                                            Autores:

Prof MSc. Adeilson Gomes da Silva

Licenciado em Geografia – FE-USP
Bacharel em Geografia Física – FFLCH-USP

Mestre em Ciências Humanas: área de Geografia Urbana – FFLCH - USP


APRESENTAÇÃO:

                        O trabalho docente é sempre um grande desafio no atual estágio de desenvolvimento tecnológico mundial. No rol dos principais responsáveis pelo processo de construção do conhecimento estão duas “peças” extremamente importantes: O Professor e o Aluno.
                        Os professores sofrem uma pressão constante, fruto da própria dinâmica global. Precisam estar sempre bem informados, dominando os mais diversos equipamentos tecnológicos, principalmente aqueles ligados à educação. Além do mais, para garantir um padrão economicamente estável, têm que trabalhar em mais de uma instituição. Certamente, aí temos a primeira incoerência: como se atualizar se não têm tempo para tal? E se têm tempo, o capital que ganham não é compatível com o custo da atualização!
                        Dessa forma, alguns professores tomam o caminho do “professor policial”, ou seja, aquele que só se preocupa em manter a sala quieta, sem barulhos e, sob quaisquer suspeitas de bagunças, o professor está atento para repreender autor do indisciplina. Feito isso, a “paz” volta a reinar!. Eis uma classe obediente! Essa relação parece falha na construção do conhecimento.
                        Outro caminho tomado pelos professores é o que chamo de “professor sócio-crítico”. Esse tipo de docente trabalha de maneira a levar os alunos ao questionamento constante de suas ações/práticas cotidianas, bem como, com relação ao ambiente que o circunda. Está sempre buscando alguma forma de fazer o aluno construir seu próprio conhecimento. Este busca no professor, simplesmente as “ferramentas” necessárias para guiar seu entendimento. A sala de aula desse professor é imprevisível: ora observa-se uma verdadeira “bagunça pedagógica”;  ora um grande silêncio. Algumas vezes, tem-se um coro de vozes; outras... gargalhadas intermináveis. Eis uma classe obediente! Eis a construção diferenciada do conhecimento.
                        O Trabalho de Campo é uma importante ferramenta que permite quebrar distâncias existentes entre alguns professores e seus alunos, independentemente da disciplina. Num Trabalho de Campo, todos os professores envolvidos se tornam amigos dos alunos, pois estarão auxiliando-os na elaboração das tarefas que serão observados no espaço real. Para isso, deve haver mais diálogos e respeito entre “os pesquisadores”.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

O objetivo principal dessa palestra está em despertar nos alunos a investigação dos problemas que estão ao seu redor, instigando-os, enquanto cidadãos, a propor possíveis soluções de caráter local, regional e, até mesmo, nacional, dependendo do poder de alcance de cada um.

OBJETIVOS GERAIS:

a)      instigar nos alunos a curiosidade e a valorização dos aspectos culturais/históricos do local onde moram, promovendo sua identidade municipal;
b)      desenvolver o espírito de coletividade e humildade entre o grupo de alunos;
c)      permitir o processo interdisciplinar, ou seja, a discussão e integração entre os professores das diferentes áreas/séries para a realização de um trabalho de campo em comum (assunto a ser tratado nas reuniões de  HTPC  - Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo);
d)      despertar o valor da fraternidade entre os “atores” envolvidos no processo ensino-aprendizagem: aluno/aluno, aluno/professor, aluno/escola, professor/professor, professor/diretor e todos com os agentes de serviços da escola;
e)       produção de material a ser apresentado à comunidade escolar e extra-escolar, além  de ser oportuno para ser divulgado em revistas, congressos, seminários, encontros de educadores/educação ou qualquer outra forma de divulgação que possibilite mostrar experiências realizadas com alunos de quaisquer séries;
f)        Por fim, o material apresentado nos diferentes meios de comunicações deverá constar no rol de obras da biblioteca escolar para consulta.

ESTRATÉGIAS/PROCEDIMENTOS:

Divisão dos grupos:
. Um grupo, para que tenha bom rendimento, não pode exceder 4 (quatro) alunos. A divisão pode ser aleatória ou conduzida pelo grupo dos professores envolvidos no Trabalho de Campo.

Pesquisa:
. é necessário explicar o significado do que é uma pesquisa e para que serve;
. em seguida, pode-se mostrar vídeos, revistas, filmes que tratam da área/objeto do Trabalho de Campo;
. permitir que os alunos perguntem aos outros colegas da sala e da escola (outras séries envolvidas), qualquer assunto que dê melhores esclarecimentos sobre o que mais lhes importam pesquisar:      POLUIÇÃO (lixo, pichação, fumaças, córregos, letreiro, etc)
MEIO URBANO (áreas de risco, favelas, cortiços, condomínios residenciais ou empresariais, fluxos de transportes, comércio, indústrias, etc)
SOCIAL (qualidade de vida da população, o centro e a periferia municipal, o problema dos deficientes, meninos de rua, mendigos, recreação, etc.),
HISTÓRICO/CULTURAL (igrejas, teatros, museus, monumentos, documentos históricos locais, etc).
. elaborar um pequeno caderno de campo (com níveis de observações para cada série), com os aspectos que cada grupo irá observar. Essa é uma grande dica para coleta de informações.
. feito isso, é o momento do Trabalho de Campo, ou seja, da tão esperada saída do ambiente escolar, sem sair do objetivo principal: a Construção do Conhecimento;
. Com todo o material em mãos, é hora de os projetos de pesquisa que cada grupo apresentará;

APRESENTAÇÃO DO PRODUTO DA PESQUISA: O PROJETO

. Propor as mais variadas formas de apresentação e fazer com que cada grupo escolha a melhor maneira de mostrar a sua pesquisa: vídeos, livros, revistas, cartazes, teatros, músicas, poemas, objetos diversos, ou outras formas.
OBS: É importante o professor dar algumas dicas sobre a apresentação, de maneira que possibilite grande variação de produtos.
. A apresentação deve ser aberta à comunidade para que prestigiem os produtos dos filhos. Se possível, é interessante a presença de um representante da Câmara dos Vereadores local para verificar que os cidadãos do município estão avaliando e acompanhando o desenvolvimento de seus trabalhos.
. Outro ponto importante a frisar é o Retorno que os alunos devem dar à comunidade por terem sido prestativos nas informações necessárias aos trabalhos.

AVALIAÇÃO:

. Não existe uma única avaliação no Trabalho de Campo, pois todas as etapas, desde a primeira até a última, devem ser monitoradas pelos professores envolvidos no processo. Por isso, é necessário que os professores procurem acompanhar todos os passos das etapas junto aos alunos.
. Ao final, pode-se pedir que cada grupo conte como foi a experiência de fazer uma pesquisa, quando se vai a área de estudo.


OBSERVAÇÕES:

                        O Trabalho de Campo é uma atividade pedagógica enriquecedora e pouco difundida no ambiente escolar. Algumas instituições que contemplam o Trabalho de Campo como parte integrante do planejamento anual de cada série, percebem que seus alunos crescem de maneira mais firme nos propósitos que pretendem para suas vidas, uma vez que vão desde cedo, avaliando aspectos do entorno onde mora. Esse “entorno” vai se expandindo na  medida em que o indivíduo ultrapassa as barreiras do seu conhecimento.

                        Outro fato importante é que o Trabalho de Campo possibilita a interdisciplinaridade, ou seja, torna viável a realização de ações pedagógicas conjuntas. Todas as áreas do conhecimento estão diretamente ligadas a um Trabalho de Campo, Independentemente da série/turma em que o professor ministre suas aulas. As Ciências Humanas, Exatas e Biológicas devem caminhar juntas para despertar em nossos alunos/homens do amanhã a visão holística e critica do seu meio e de seus “arredores”.


Autor: Adeilson Gomes da Silva